
Esta review contém spoilers.
Já havia algum tempo que separei esse livro para ler, a temática parecia interessante. Um circo dos horrores chega a uma pequena cidade no EUA e eventos estranhos começam a acontecer.
Abrindo um parentênses: Para quem não conhece, um Circo dos Horrores (freak show) era o nome dado a espetáculos bem populares no final do século de 19, inicio do século 20 nos EUA e umas das principais caracteristicas era reunir pessoas fora do padrão. Pessoas extremamente fortes, magras ou gordas, tatuadas, etc ou ainda com algum tipo de deformação causada por doenças, por exemplo, pessoas com nanismo, gigantismo, gêmeos siameses, com albinismo, etc. Esses artistas faziam espetáculos de exibição, então pessoas pagavam só para olhar. Como na época não se sabia as causas por trás dessas deformidades, essas pessoas eram excluídas da sociedade e o circo acabava sendo uma das poucas opções para elas ganharem dinheiro. Tem até uma versão musical Hollywoodiana romantizada da história de um desses circos chamada o O Rei do Show. Ótima trilha sonora, diga-se de passagem. Fecha paretênses.
Particularmente, eu achei que o livro tem um desenvolvimento estranho. As coisas só acontecem. É como ler vários recortes e isso só fez sentido quando descobri que esse livro era originalmente um roteiro para cinema que o autor não conseguiu vender então, transformou em livro. E o livro virou filme muitos anos depois. Vou deixar o trailer do filme, dublagem Herbert Richers, muito clássico.
Eu me arrastei para ler até por volta do capítulo 37 mas, daí em diante, as coisas começam a acontecer de uma maneira mais lógica e foi bem rápido terminar. E não é culpa do estilo de escrita que é bem fluído, mas o ritmo no ínicio que não dá vontade de maratonar. Além disso, não é muito terror não, tem uns momentos de tensão mas é isso.
Então, vamos ao livro.
Os personagens principais são Jim Nightshade e Will Halloway, o pai de Will também tem grande importância na narrativa. Os garotos, apesar de opostos em seus gostos, são melhores amigos. Quando o circo chega a cidade, Will sente que algo está errado, ele tem uma espécie de sexto sentido que não é explicada no livro, mas é bem preciso.
Eventualmente, o circo é inaugurado, os meninos vão lá a passeio e dentre umas das atrações está um Labirinto de Espelhos, só que não é um labirinto comum. Eles acabam resgatando a professora deles a Srta. Foley que diz ter visto uma menininha lá e é bem claro que é ela mesma nos reflexos. Talvez os espelhos reflitam o desejo dela de ser jovem novamente? Mais tarde, Jim também entra nesse labirinto, Will o resgata. Pouco tempo depois, eles observam uma cena curiosa: um homem em um carrossel, girando ao contrário, e rejuvenescendo a cada volta do brinquedo. Jim fica um pouco obcecado já que o desejo dele é se tornar adulto e se ele subisse no carrossel, talvez isso fosse possível. Aqui existe uma dualidade interessante em que os mais velhos querem ser jovens de novo e os jovens querem envelhcer logo e essa é uma das temáticas do livro.
No decorrer da históra, diversos mini acontecimentos fazem com que Jim e Will se tornem alvos dos moradores do circo, e agora ambos sabem que a trupe era composta, na verdade, por pessoas comuns que foram transformadas ao ceder aos seus mais profundos desejos, ficando presas para sempre ao circo.
Nesse momento de desespero, uma pessoa inesperada vem ao resgate: o pai de Will. Ele aparece em vários capítulos anteriores e tem uma relação de cumplicidade e amizade bem legal com o Will, no entanto, o Sr. Halloway também tem uma certa obssessão com a ideia de juventude, pois está na casa dos 50 anos sendo muito mais velho que a esposa e o filho de 13 anos.
Em um momento de perigo ele ajuda a esconder Will e Jim, e também é quem desvenda o segredo do circo. Acho que o mais importante é que por mais absurda que a história dos garotos pareça ele acredita neles e os ajuda.
A resolução do conflito acontece de uma maneira bem aleatória para mim, meio que ria diante do medo e do mau? Mas, existe uma ideia de que é preciso aceitar nossos medos e desejos e não viver neles. Uma coisa meio de viva no presente.
Apesar de não ter achado o livro super, eu tive a impressão de que ele influenciou vários autores, de cabeça eu me lembro de um conto do Gaiman, The Facts in the Case of the Departure of Miss Finch que eu li faz muito tempo mas estava relacionado a circo e desejo. Também uma série de livros infanto juvenil, mais para terror gore, bem legal do Darren Shan chamada Cirque du Freak, inclusive os personagens lembram alguns desse livro. E quem sabe até o espelho de Ojesed, aquele espelho que mostra os desejos mais profundos em Harry Potter? Lógico pode ser especulação minha, mas que parece, parece.