Review/Resenha: O Conde de Monte Cristo

Le Comte de Monte-Cristo
Gêneros: ,
Editora:
Page Count: 1664
Goodreads Rating: 4.24
Traições, denúncias anônimas, tesouros fabulosos, envenenamentos, vinganças e muito suspense. A trama de O Conde de Monte Cristo traz uma emoção diferente a cada página e talvez isso explique porque a obra do escritor francês Alexandre Dumas se transformou em um clássico da literatura mundial, mexendo com a imaginação dos leitores há mais de 150 anos. No romance, o marinheiro Edmond Dantés é preso injustamente, vítima de um complô. Anos depois, consegue escapar da prisão,…

 

Esta review contém spoilers.

Esse é um livro que demorei algum tempo para terminar mas, que vale a pena. Se quiser ir direto para a resenha clique aqui.

A primeira vez que eu li foi uma versão para jovens depois de ter assistido um desenho que adaptava a história. Não deve ser do tempo de vocês mas ,quando era mais nova a Rede Record costumava passar uma série de desenhos que adaptavam grandes obras da literatura. Depois, ouvi o audiobook em inglês e finalmente resolvi ler em português. Talvez algum dia eu me empolgue e, para melhorar o francês, tente ler o original.

Uma coisa boa das línguas latinas, pelo menos é a impressão que eu tenho, é que a tradução entre elas consegue manter um bom grau de fidelidade. Quando eu leio um texto traduzido do inglês, eu tenho alguns momentos de estranhamento e, parece que o tradutor se esforçou para trazer a naturalidade do texto mas falhou, ou pior, quando você conhece a obra original e percebe que foi feita uma tradução literal, palavra por palavra, quase um google tradutor, cheio de gerundismos e que perde o estilo do autor.

De qualquer forma, eu tenho um fraco por clássicos mas é difícil pegar um livro desses e terminar em uma única sentada. Bem, as mais de 1000 páginas podem ser assustadoras no começo, mas esse livro foi serializado e publicado em folhetim de 1844 a 1846, (já nem me sinto tão mal por ter demorado mais de um ano para ler). Alexandre Dumas é conhecido por esse tipo de romance que mistura fatos históricos marcantes com um belo enredo. Na verdade, vários personagens deste livro são inspirados por fatos reais.

A edição que eu comprei é de bolso da Zahar, capa dura, mas com as páginas são bem fininhas, tipo Biblia, e a letra não é das maiores não, parece de dicionário.

Gente, tenho que parar de comprar promoções na Amazon sem ver qual o tamanho do livro que eu estou comprando, mas não tenho nada a reclamar quanto ao conteúdo. Ainda estou esperando uma bela edição ilustrada, com letras grandes para comprar.

Então vamos a história.

A história começa em 1815 com a volta do navio Phareon a França, isto é pouco depois da queda de Napoleão (1814) que tentou conquistar toda Europa mas não se deu muito bem, em parte pela campanha contra Rússia (1812). Parece que esses conquistadores nunca aprendem, não se ataca a Mãe Rússia no inverno. Ponto. No fim, vários países fizeram uma coalizão e ele acabou preso na Ilha de Elba pelos ingleses.

Com esse contexto histórico em mente, temos o personagem principal Edmond Dantes. Um jovem humilde de 19 anos, marinheiro do Phareon, com um futuro brilhante pela frente. Filho digno, noivo do amor de sua vida. Para cumprir o último desejo de seu capitão, vai a Ilha de Elba entregar uma carta a Napoleão e volta com outra carta, para ser entregue a uma pessoa em Paris.

Lembrem-se que Napoleão foi preso há pouco tempo e ainda contava com muitos simpatizantes. Havia inclusive o temor dele conseguir retornar ao poder, (o que de fato aconteceu no Governo dos 100 dias), então, apesar de nobre, a atitude de Dantes foi bem ingênua. E é essa impressão de Dantes na primeira parte do livro, um rapaz extremamente ingênuo. Como só conheceu a felicidade não sabe reconhecer a malícia do mundo.

Ao retornar, informa a Monsieur Morrel, dono da companhia, da morte do capitão. Por ter se saído tão bem guiando o navio no caminho restante até a França, recebe a promessa de se tornar o próximo capitão do Phareon. Enquanto Dantes é só alegria, existem pessoas que invejam tudo o que ele tem. Um deles é Danglars, contador do navio, ele se achava merecedor do posto de capitão e outro é Fernand, apaixonado pela noiva de Dantes, Mercedes.

Danglars viu a carta que Dantes recebeu e em um momento de impulso junto com Fernand e com a participação de um vizinho de Dantes chamado Cardarrouse, decidem denunciar Dantes por traição. A carta acaba nas mãos do procurador substituto, Villefort, que inicialmente parece favorável a Dantes mas, ao ouvir o nome do destinatário da carta, Nortier, manda prender o rapaz por traição na prisão de segurança máxima na ilha de If. Revela-se então que Nortier é, na verdade, o pai de Villefort.

Dantes acaba passando 14 anos na cadeia até finalmente conseguir escapar com a ajuda de outro prisioneiro, o Abade Faria, que revela a existência de um grande tesouro na Ilha de Monte Cristo (não é tão simples assim, mas não vamos dar muitos spoilers). Rico, volta a Paris para executar sua vingança.

Apesar de ser um clássico e possuir diálogos bastante longos, a história é fluida e sempre existem acontecimentos e reviravoltas, esse modelo de folhetim na verdade é muito semelhante às nossas novelas.

Na primeira parte, os diálogos com o Abade Faria são uma das partes mais memoráveis. Faria é um pai e mentor para Dantes. Ele é seu guia, ensinando-o a ler e escrever, matemática, história, filosofia, geografia. Tudo que Dantes precisaria para sua nova vida. Marcado pelo sofrimento, Dantes vai perdendo aos poucos sua ingenuidade e vai crescendo intelectualmente e, graças a Farias, abre seus olhos sobre a possível existência de um complô que levou a sua prisão.

Depois de escapar, Dantes agora Conde de Monte Cristo maquina sua vingança de maneira milimétrica. Apesar de não estar explícito, o autor deixa pistas de que o Conde investigou minuciosamente a vida daqueles que causaram sua miséria, da escolha de criados como Bertuccio ou mesmo de sua protegida, Haydee, tudo indica que ele já sabia do relacionamento deles com seus inimigos. Ele se utiliza de diversos truques e disfarces para atingir seu objetivo. Em muitos momentos ele se acha, inclusive, um agente da justiça de Deus.

Nesse começo de vingança, eu tive a impressão que para o conde não existe meio termo, os inimigos devem ser totalmente eliminados.

Os acontecimentos vão se desenrolando rápida e sucessivamente, ninguém parece saber quem é o conde, enquanto seus inimigos caem um por um. O conde beira a crueldade em alguns momentos, já que muitas vezes ele sabe o que está para acontecer, mas propositalmente, não faz nada. Talvez, na visão dele, seja a justiça divina sendo executada.

Na verdade, a única que reconhece Dantes é Mercedes, que agora está casada e tem um filho com Fernand.

Devo confessar que achei o final um pouco apressado, depois de ser confrontado por Mercedes, o Conde faz um exame de consciência e percebe que seu extremismo pode ter causado mais danos que o necessário. Na verdade, este trecho parece abrir uma brecha para um outro final. O fato de Mercedes ainda conseguir influenciar tanto o Conde, dá a entender que ainda existe um sentimento forte entre eles. E eu não fui a única que pensei assim, já que o filme de 2002 segue por essa mesma linha de raciocínio. Vou deixar o trailler para vocês:

 

Nesse final, Haydee, que aparece bem mais no livro do que nesta pequena resenha, provavelmente ficaria com Albert, filho de Mercedes e teríamos uma família feliz. Mas, não foi esse final feliz que tivemos. Talvez fosse muito para época, aceitar que Mercedes ficaria com aquele que levou ao suicídio de seu marido, ou mesmo que Haydee fosse ficar com o filho daquele que traiu seu pai. (Para saber mais, leia o livro, rs).

Enfim, no final do livro, o Conde tem o que acredita ser sua redenção ao perdoar Danglars e salvar Valentine Villefort, filha do procurador que o aprisionou. Ela é apaixonada por Maximilien Morrel, filho de seu antigo padrão Monsieur Morrel, a quem o conde tinha grande consideração e afeto. Assim, o Conde ajuda a garantir a felicidade do casal. Com sua missão cumprida, por assim dizer; ele pode finalmente viver sua vida em paz ao lado de Haydee, que confessa seu amor praticamente no último capítulo. Mercedes passar a viver uma vida simples, na antiga casa do pai de Edmund, onde ela teria vivido se eles tivessem de fato de casado, já Albert vai tentar a sorte no exército.

Olhando essa resenha, nem parece que acontece muita coisa, não é? Mas, a história é de fato muito envolvente e existem diversas mini tramas que vão se interconectando aos poucos. Vale a pena ler. E você já conhecia essa história? Se empolgou para ler 1000 e tantas páginas? Deixe sua opinião nos comentários!

Edit: Parece que esse ano (2024) está recheado de adaptações do Conde de Monte Cristo. Recentemente foi lançada um novo filme francês da obra que está sendo bastante elogiado.

E em breve, uma nova minisérie com Sam Cliffin e Jeremy Irons também vai ser lançada.

(1) Comentário

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